
No dia 15 de janeiro o mundo vai provar se Inafune estava certo quando disse que "O Japão está cinco anos atrasado" no quesito criação de games. A afirmação, de 2010, causou comoção na indústria e também entre os fãs. Para piorar a situação, a Capcom também havia divulgado seus planos para a total reformulação da franquia Devil May Cry, versão esta que dará as caras em janeiro, com uma nova perspectiva do herói meio demônio. E agora meio anjo também.
As reclamações vindas através dos comentários dos blogs e sites de notícia foram avassaladoras. Criticavam a opinião do Inafune, a troca de estúdios - a franquia havia passado para as mãos daNinja Theory - e o novo semblante do herói. Aos olhos da Capcom, aquele Dante de casaco vermelho e cabelos brancos estava ultrapassado e só refletia o gosto dos japoneses de uma época distante (2001).
Aos poucos, ambos foram cedendo. Os fãs começaram a aceitar melhor a decisão da mudança radical do herói, enquanto a Capcom também fazia suas modificações, deixando o personagem menos "afeminado" e trabalhando detalhes visuais - mostrou pela primeira vez o Devil Trigger, que deixava o herói com cabelos brancos e um casaco vermelho (apenas um efeito "negativado" do caçador de demônios).
A verdade é que o novo DmC é um projeto conjunto do ocidente com o oriente. Enquanto os ingleses da Ninja Theory ficavam à cargo de entregar uma nova origem para o personagem, os desenvolvedores japoneses encarregavam-se para que a experiência se mantivesse a mais parecida possível com o 'stylish action', conceito criado com o primeiro Devil May Cry, precursor do gênero (se é que podemos considerá-lo um). E todo mundo concordou que o antigo Dante não seria esquecido, muito menos apagado.
A trama escrita pela Ninja Theory pode ser comparada facilmente com o novo Karate Kid, com Jackie Chan e Jaden Smith como protagonistas. Tudo que faz o Dante ser o cara que nós já conhecíamos está ali, mas de uma forma diferente. O acréscimo da sua mestiçagem angelical dá o novo tom do roteiro, e não estraga a história geral. A ideia de que todos nós estamos sendo enganados por demônios, com grandes corporações servindo de fachada para que os mesmos possam transitar livremente em nosso mundo, tudo feito em um ritmo meio Matrix também é um ponto de vista bem fácil de ser vendido. E claro, a atuação dos atores que dão vida aos personagens do jogo, um mérito incontestável da desenvolvedora.
Mesmo com a utilização da Unreal Engine no lugar da MT Framework, a familiaridade com a série antiga é palpável. Dos movimentos tradicionais de Dante - combos com a espada, andar saltitante com as armas de fogo, rolamentos e combos aéreos - às novas habilidades de Nero - seu Devil Trigger, principalmente, apenas envelopado como uma das novas habilidades da Rebellion - jogar DmC é como jogar DMC4.
A referência não veio da minha cabeça, foi pontuada diversas vezes por Motohide Eshiro, um dos produtores. As mudanças no controle de Dante são facilmente assimiláveis. A inserção de um botão exclusivamente criado para mandar o inimigo para o ar é uma delas. A outra, diretamente ligada à nova origem do personagem, é a divisão do seu controle entre poderes angelicais e demoníacos. Segurando R1 (RB) ou R2 (RT) antes de aplicar seus combos, você passa a utilizar o lento, mas poderoso machado Arbiter, e uma Rebellion transformada em 'chicote' que puxa os inimigos para perto. Se usar L1 (LB) ou L2 (LT) Osiris é ativada, assim como o poder de se locomover em grande velocidade até o seu adversário.
Esse poder do 'chicote', assim como a movimentação do novo Dante em alguns combos remetem diretamente ao seu braço demoníaco e à Red Queen, de Nero (DMC4). Obviamente não teremos os combos "acelerados" de Nero, já que a Rebellion não conta com o sistema "motocicleta" da Red Queen, mas a quantidade de golpes disponíveis para serem comprados (com Orbs, claro) é bem satisfatório.
O que tivemos a chance de experimentar, durante a visita ao quartel general da Capcom no Brasil, foram as dez primeira fases do jogo. Daqui a exatamente um mês teremos o jogo no mercado e todos vão poder jogar e tirar suas próprias conclusões. Eu me impressionei.
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